segunda-feira, 25 de abril de 2011

O TEMPERO DA VIDA

Agridoce é a palavra que melhor descreve esse filme.
O Tempero da Vida” (Politiki Kouzina – 2003) é um filme não muito conhecido, uma produção grega/turca (acho que é assim que se fala :/) que conta a história de Fanis Iakovidis, um astrofísico na Universidade de Atenas que teve que deixar a Turquia ainda criança com seus pais por causa da guerra. Lá ele deixou seu avô e seu primeiro amor. Seu avô era um filósofo culinário e seu mentor, Fanis passou boa parte de sua infância no sótão dele, aprendendo sobre culinária e temperos, sua principal lição é foi de que tanto a comida como a vida precisam de temperos para ganhar sabor.
Na despedida seu avô lhe diz que irá lhe visitar em breve...

Se eu me atrasar lembre-se de olhar para as estrelas onde quer que você esteja. No céu há coisas que nós podemos ver, mas há também coisas que não podemos ver. Fale sempre sobre as coisas que outros não podem ver. As pessoas gostam de ouvir histórias sobre coisas que elas não podem ver. Com a comida é a mesma coisa. Que importa não vermos o sal se a comida está saborosa?

Fanis cresceu esperando esta visita... Aos 35 anos, ele resolve aproveitar as suas férias, voltando a Istambul para reencontrar seu avô e seu primeiro amor. Mas, alguns amigos de seu avô lhe procuram para contar que enfim seu avô resolveu ir para Atenas. Fanis então resolve preparar um almoço de confraternização entre velhos amigos. Durante o preparo do almoço ele começa a lembrar dos ensinamentos de seu avô e percebe que sua vida precisa de um pouco de tempero.
Esse é um filme poético que fala sobre amor, desencontros, perdas, desilusões... nos faz refletir sobre a vida. Percebemos que os sabores e cheiros (odores) estão ligados a nossa memória e que eles nos lembram de situações/momentos. Tentei descobrir quais seriam os temperos da vida... Pensei que seria talvez amor, amizade, raiva, dor... Mas percebi que não há como descrever em palavras, pois como é explicado no filme, os temperos não podem ser vistos mas estão ali presentes e fazem diferença quando bem utilizados.
É impossível dizer qual minha cena favorita, mas uma que me tocou bastante foi a cena final onde Fanis retorna ao sótão de seu avô e ele coloca os temperos sobre a mesa e assopra, eles se espalham no ar e assumem as imagens dos planetas girando em torno do sol. 

"Canela... doce e ardente como toda mulher.
Pimenta... picante e ardida como o sol.
Sal... utilizado para dar mais sabor a vida."

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